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Deixa eu explicar porque a gente precisa disso... a história é grande mas vou tentar resumi-la. Primeiro deixa eu dar um resumo curto demais, de poucas linhas: a Léa fez o testamento dela em março de 2018 e tem uma pessoa alegando - com base em um laudo de uma página de um neurologista que não é da equipe de vocês - que a Léa não estava lúcida, que ela foi manipulada, e que aquele testamento não vale... mas a nossa visão, ou impressão, é que se passaram muitos meses entre a Léa resolver fazer o testamento do jeito que fez e ela assinar o testamento no cartório - foi uma decisão mantida durante muitos meses. Agora o resumo decente. Vou começar listando os personagens da história. A Léa teve dois filhos: a Daniela, do primeiro casamento, com um cara chamado Paulo Bandeira, e eu, Eduardo (ou: Zico), do segundo casamento, com o Smil. O Smil tinha uma outra filha, a Mariana, do primeiro casamento dele. A Daniela teve três filhos - Ricardo, Bruno, e Fernanda, mas só o Bruno vai ser importante aqui. Vou dizer uns anos de nascimento porque isso normalmente me ajuda a visualizar os personagens, e aí talvez seja útil pra alguns de vocês também... Daniela: 1963 Mariana: 1965 Eduardo (a.k.a. Zico): 1971 Bruno: 1985 Em março/2018 a Léa fez um testamento - público, da forma mais transparente possível - no qual ela deixava toda a parte "disponível" dos bens dela pro Bruno. Naquele momento os bens dela consistiam só no apartamento em que ela morava, junto com o Bruno e o marido dele, Dionathan, no Jardim Botânico... eu trabalho em Rio das Ostras mas eu sempre passava metade de cada semana no Rio lá no apartamento do Jardim Botânico, então eu "meio" que morava lá também. Sobre o termo "disponível": a lei de inventários, heranças, etc, diz que num testamento a pessoa pode decidir pra quem destinar 50\% dos seus bens, que são a parte "disponível"; os outros 50\% são a parte "obrigatória", que tem que ir pra determinados parentes em determinadas porcentagens, segundo fórmulas dadas na lei. Vou tentar explicar porque a Léa decidiu fazer o testamento desse jeito. Em alguns momentos a minha explicação vai ser bem parcial - até porque eu acabei brigando com a Daniela e ficando totalmente do lado do Bruno - mas acho que os pontos onde vou ser parcial vão ser bem claros. Por favor leiam os próximos parágrafos com todos os grãos de sal necessários... A relação entre a Daniela e os meus pais era bem ruim desde que ela adolescente, ou desde antes. Cada ajuda que era dada pra ela era cobrada caríssimo depois - mas ela ganhou um apartamento e um carro quando se casou, e foi ajudada em muitos períodos depois disso. Como o meu pai (que, obs: era sobrevivente de campo de concentração!!!) também me humilhava desde pequeno por cada coisa que eu tinha eu tentei seguir uma outra estratégia - na qual eu pedia o mínimo e aceitava o mínimo - pra evitar ser "alguém que tem uma dívida enorme com os pais"... quando o meu pai morreu me pediram pra escrever um texto pra ler na cerimônia de 30 dias da morte dele, e eu contei um pouco dessa história no texto. Se alguém quiser ler ele está aqui: http://angg.twu.net/haz.html Então, o Bruno saiu, ou foi expulso, da casa da Daniela quando tinha 13 anos, e as poucas tentativas de reconciliação entre ele e a Daniela depois disso falharam miseravelmente. Alguns anos depois da saída/expulsão ele foi morar com os meus pais, conseguiu se dar muito bem com o meu pai - tanto eu quanto a Daniela achávamos ele uma pessoa dificílima -, passou a ajudar os meus pais em tudo que podia, e conquistou o respeito de todo mundo, menos da Daniela, óbvio, que via ele como uma espécie de Gênio do Mal. E aí o Bruno virou - deixa eu pôr muitas aspas aqui pra deixar BEM claro que isso é UMA versão da história - """o neto dedicadíssimo e corretíssimo que trabalha feito louco e ajuda em tudo que pode""" enquanto a Daniela virou a """filha problema que sempre precisa de mais ajudas em dinheiro e só visita a mãe uma vez por ano""". Até uns anos antes do testamento a minha mãe vivia dividida entre duas visões da Daniela: 1) a de que ela era a filha problemática, traumatizada, enrolada, etc, que precisa de ajuda, e 2) de que ela era a filha problemática que acha que TEM que receber ajuda sempre, mesmo com 50 e poucos anos de idade, que não vê que já recebeu muito e que já deveria pelo menos a) ser independente, b) inventar jeitos de merecer cada ajuda extra... Nos últimos anos de vida da minha mãe ela se decidiu de vez pela visão (2), e a Daniela está tentando contestar isso judicialmente e anular o testamento no qual a minha mãe deixava a parte "disponível" da herança pro Bruno. Um dos documentos que a Daniela usou é um laudo - estou mandando uma cópia dele em anexo - de um neurologista chamado Glieb Ávila Pereira, de uma época em que a minha mãe resolveu tentar se consultar com neurologistas que não fossem da equipe de vocês... esse laudo foi emitido em 2021, e nele esse neurologista relata que em 2017 a minha mãe apresentava "déficit cognitivo leve no domínimo amnéstico"... Então, voltando: a minha mãe fez o testamento dela em março/2018 e nós temos registros de várias conversas com ela sobre o testamento nos meses anteriores a essa data. Na _nossa visão_ ela manteve a posição de que queria fazer o testamento desse jeito durante vários meses, e essa era uma época em que ela estava bastante lúcida... sabemos que ela teve períodos de "confusão mental" de vários tipos e vários graus - como um período em que ela até suspeitava estar com Alzheimer e/ou Parkinson, antes dela resolver isso se desintoxicando dos remédios que ela tomava há décadas pra enxaquecas, e um outro período, logo antes da operação da paratireóide, em que a diabetes dela estava fortíssima, e mais o ano final da vida dela. Daria pra vocês fazerem alguma espécie de laudo ou relatório sobre os dados que vocês têm do estado mental da minha mãe nos meses anteriores a março/2018, se possível com um resumo por alto do resto da trajetória de saúde dela? Obrigado, e desculpem o tamanho da mensagem... eu acabei mandando ela desse jeito porque acho que vocês lêem bastante rápido e porque eu vi que eu teria que pensar durante semanas pra conseguir reduzí-la pra metade desse tamanho... [[]], Eduardo Ochs... \GenericWarning{Success:}{Success!!!} % Used by `M-x cv' \end{document} % Local Variables: % coding: utf-8-unix % ee-tla: "his" % End: