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\mysection{poe-a-cara-no-sol}{``Põe a cara no sol''} \mydate{2015jul17} Quando você tem certeza de que é trans desde cedo, e você sai do armário cedo, põe a cara no sol, e leva porrada pra caralho porque está lutando pra ser feliz seus problemas são uns; por exemplo, todas as zilhões de pessoas tipo o segurança do banheiro do shopping, que é um louco recalcado que nunca nem pôde pensar em cortar o cabelo de um jeito diferente\footnote{\url{http://anggtwu.net/2014-xs.html\#3}}, e que vai tentar te punir pela tua coragem e pela tua liberdade. Quando você tem certeza de que é trans desde cedo e leva porrada pra caralho em todo lugar você vê transfobia em todo lugar e tem mais é que denunciar mesmo. Quando você cria a certeza de que é trans bem mais tarde, depois de uma vida inteira tentando ser meio genderless e achando que valia a pena poder passar por cis na rua e ser meio invisível, como eu\footnote{\url{http://anggtwu.net/2014-tr.html}} - porque afinal de contas as pessoas que podem te endender são mais raras que príncipes encantados - os problemas são outros. Eu levei bem pouca porrada ``externa'' porque eu previa quais eram as áreas perigosas, e não me arriscava nelas... mas aos poucos eu vi que o que pareciam ``áreas perigosas'' pra mim eram coisas enormes, como as que as outras pessoas chamam de ``vida afetiva'', ``vida sexual'', e até ``vida social'', porque ``vida social'' inclui gente falando com naturalidade em mesas de bar sobre desejo, galinhagem, namoros e família, e a sensação de que tudo isto era impossível pra mim tava me destruindo. Eu não tenho como falar em primeira mão sobre sofrer transfobia, mas posso repassar centenas de notícias sobre isso, e centenas de relatos em primeira pessoa fantásticos de gente que escreve sobre as suas vivências brilhantemente bem. O link tá aqui\footnote{\url{http://anggtwu.net/trans-links.html}} - espero que isto me dispense de falar sobre transfobia eu mesmo. \mysection{expulsao}{Expulsão} \mydate{2015jul17} Me expulsaram\footnote{\url{http://anggtwu.net/falta-misandria.html}} de um grupo trans do Facebook em maio de 2015, e essa expulsão me doeu bem mais do que acho que deveria. Disseram que eu estava ``relativizando transfobia'' e ``concordando com um texto transfóbico''. A minha leitura do que aconteceu é a seguinte. Os problemas das pessoas ``trans desde cedo'' são tão grandes e urgentes\footnote{\url{https://en.wikipedia.org/wiki/Maslow\%27s\_hierarchy\_of\_needs}} que quando a gente olha pra eles não sobra espaço pra mais nada. Talvez os problemas das pessoas ``trans tardias'', em especial com as que se treinaram pra não dar muita bola pra própria aparência, como eu, sejam totalmente incompatíveis com os das pessoas ``trans desde cedo'', e não possam ser discutidos nos mesmos espaços. Exemplo: pra mim tem valido a pena esclarecer em que sentidos eu me identifico muito mais com mulheres e nada com homens - mas isso é um trabalho {\it enorme}, algumas respostas e explicações só me surgem depois de eu procurar por elas por anos... e em certos espaços se eu puxo assunto sobre isso pra saber como as outras pessoas conseguiram as explicações delas parece que eu estou cobrando que todas as pessoas trans tenham explicações tão sólidas quanto as que eu tento exigir de mim - e aí parece que eu estou questionando elas de um jeito que quase ninguém questiona as pessoas cis. \mysection{proibicoes}{Proibições} \mydate{2015jul17} É muito agressivo a gente dizer ``você não é mulher porque x, y, z'', e a gente vê as pessoas que dizem isso como idiotas, fundamentalistas, transfóbicas, etc... Então há uma proibição entre as pessoas ``legais'' de {\it dizer} isto, mas esta proibição é problemática porque é inevitável a gente {\it pensar} sobre como a gente constitui a nossa personalidade com elementos ``masculinos'' e ``femininos''... Deveria haver mais espaço, pelo menos entre as pessoas ``legais'' que estão construindo seus gêneros permanentemente, pra gente conversar sobre essas coisas {\it em nós} - incluindo, por exemplo, que fulane fez certa coisa grossa e estúpida que pra gente é coisa de ômi, ou que a gente queria ter conseguido fazer direito certa gentileza mas travou no meio porque ela nos pareceu feminina demais. O ``masculino'' era o que eu era obrigado a ser, e que era uma farsa e uma prisão. O ``feminino'' era mais verdadeiro, mas era proibido. Aos poucos eu fui encontrando jeitos de contornar {\it algumas} das proibições sem levar muita porrada\footnote{\url{http://anggtwu.net/2014-xs.html\#3}}. A gente devia poder conversar mais sobre as proibições, que cada pessoa percebe diferente e que variam de lugar pra lugar; sobre medos, reais e imaginários; sobre os truques que cada um de nós descobriu ou inventou. \mysection{trans-de-verdade}{Trans de verdade} \mydate{2015aug15} Até pouco tempo atrás quando alguém dizia que eu não sou trans de verdade eu ficava {\it muito} incomodado - e eu sumia, e ia me angustiar escondido num canto. Agora eu tenho a resposta. Cara, {\it eu} sou de verdade. {\it Você} é que é só uma cópia. Você se encaixou em padrões já existentes pra te verem como trans - em algo descrito por teorias médicas/psiquiátricas, ou em algum grupo reconhecido socialmente, ou você se apóia em alguma ``teoria de gênero'' dessas que diz que basta você se identificar com o gênero tal e fazer mais X, Y e Z, e aí você é do gênero tal. Quando alguém não acredita nas teoricas médicas ou etc nas quais você se apóia, aí babau - a pessoa diz que você não é trans, você é uma farsa, você é doente. O meu trabalho pra conseguir inteligibilidade social é dez vezes melhor do que o seu. Ao invés de eu querer que as pessoas aceitem alguma teoria, eu exponho as minhas questões de um jeito que gera diálogo. \mysection{allen-ginsberg}{Allen Ginsberg e a NAMBLA} \mydate{2015jul24} Lewis Carroll\footnote{\url{http://www.dailyecho.co.uk/news/5046986.Call\_to\_celebrate\_life\_of\_the\_\_real\_Alice\_/}} era pedófilo, Monteiro Lobato era racista, a Milfwtf\footnote{\myburl{https://milfwtf.wordpress.com/2014/06/23/sobre-pedofilia-e-a-minha-primeira-}{historia-de-horror/}} é trans\-fóbica, portanto devemos detestar tudo que eles escreveram, denunciá-los publicamente e organizar boicotes contra eles - e contra as pessoas que os defendem, e depois contra as pessoas que não os atacam. Os argumentos pra minha expulsão\footnote{\url{http://anggtwu.net/falta-misandria.html}} do ``Transfeminismo $<\!\!3$'' foram que eu ``relativizei transfobia'' e ``concordei com uma página transfóbica''. No auge da demonização da pedofilia, na década de 90, o Allen Ginsberg se filiou publicamente à NAMBLA\footnote{\url{https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=North\_American\_Man/Boy\_Love\_Association}} para apoiá-la. O argumento dele era mais ou menos o seguinte. Décadas antes todas as sexualidades e gêneros diferentes dos ``normais'' eram vistos como perversões, crimes, aberrações. Agora que gays e lésbicas estavam conseguindo alguma aceitação social eles estavam tentando esconder os tipos menos ``respeitáveis'' dentre eles, como os gays afeminados escandalosos e as lésbicas masculinas, e demonizar os pedófilos e também, em menor grau, as feministas pró-porn e o povo de BDSM. Os pedófilos daquele momento - década de 90 - correspondiam {\it exatamente} aos gays de 40 anos antes. Esse argumento do Allen Ginsberg é de uma profundidade {\it assombrosa}. Como uma história Sufi, à medida que a gente pensa nele, mesmo que só lembrando dele involuntariamente, ao longo de dias, meses e anos, ele vai revelando mais camadas de significado, mais elementos implícitos, mais interpretações, mais jeitos de dividir\footnote{\url{http://anggtwu.net/zamm-13.html\#vu}} as partes dele entre literal e performance. Agora deixa eu contrastar o argumento do Allen Ginsberg com algo bem comum hoje em dia. Uma pessoa X posta no Facebook que todo mundo tem que boicotar tudo que tem a ver com o Lewis Carroll, porque ele é um pedófilo FDP. Os amigos dela vão seguir o que ela diz e boicotar o Lewis Carroll também, imagino - se não for isso, se os amigos dela disserem ``lá vem aquela chata de novo'', então qual é o sentido de propor o boicote, se a proposta vai funcionar ao contrário do que deveria? Qual é o {\it efeito} de um argumento ou de uma proposta - de boicote, ou seja lá do que for? O efeito de um argumento como o do Allen Ginsberg é fazer as pessoas pensarem sob vários pontos de vista e discutirem com cada vez mais profundidade, tanto na fase inicial em que metade das pessoas do grupo querem dar porrada nele e botar ele pra fora, quanto depois. E os efeitos de propor num post de 4 linhas um boicote ao Lewis Carroll, ou de expulsar alguém que, como eu, estava ``relativizando transfobia'' e ``concordando com um texto transfóbico''? \mysection{heloisa}{Heloísa} \mydate{2015aug27} Poucos depois de me expulsarem do ``Transfeminismo $<\!\!3$'' eu tive o seguinte diálogo com um conhecida, neste thread aqui\footnote{\url{https://www.facebook.com/heloisamelino/posts/10204111261212312}}. \begin{quote} {{\bf Heloisa:} Olá. Eu sou feminista interseccional. Se você é machista ou anti-feminismo: vaza. Se você é uma mulher feminista, mas seu feminismo é trans-excludente, se você deslegitima identidades e subetividades trans binárias ou não binárias, se você deslegitima a bissexualidade ou se você acha que você tem \_direito\_ a ter banheiros só pra você ou \_espaços só entre mulheres com bucetas\_ - este aqui não é seu lugar. Faça um favor a nós duas e ponha-se para fora do meu facebook. Por que se eu vir publicação transfóbica, eu vou cair em cima. E daí você não me venha com argumentos de \_sororidade\_, porque isso que você chama de sororidade eu chamo de opressão e silenciamento. \begin{quote} {\bf Eu:} Eu sou trans mas tou aos poucos escorrendo pra fora dos grupos trans porque FALTA MISANDRIA NO MOVIMENTO TRANS!!! A gente fica batendo em TERFs só porque pega bem - porque é uma unanimidade óbvia que elas são nossas inimigas - e porque a gente tem medo de ao invés disso atacar os ômis e uns comportamentos de ômis que a gente às vezes têm sem perceber - como falta de tato, invasividade, total desrespeito pelos gatilhos dos outros -, porque tem muita gente trans que gosta de ômis... Eu passei três anos sem conseguir olhar nos olhos de ninguém, por sequelas de violência sexual - eu ainda tenho muitos restos de fobias - e nos últimos dias eu li alguns textos de RADs e TERFs sobre como elas tentam lidar com fobias e sequelas, tentam criar espaços seguros, e coisas assim, e tive a sensação de que eu me identifico muito mais com esses temas do que com 95\% do que eu vejo as pessoas trans discutindo... e tou com uma sensação muito forte de que eu quero encontrar algum jeito de respeitar as fobias delas ao invés de brigar com elas. Se você achar que isso é transfobia ou traição da minha parte e quiser me deletar, tudo bem... a gente já se viu ao vivo mas a gente nunca conversou, talvez você seja ômi. ${=}{\backslash}$ {\bf Heloisa:} Eduardo, acho que é importante levar em conta que sua particularidade não é universal. Nenhuma particularidade é universal. Universalizar é excluir. Se você se se identifica com as estratégias de lidar com as opressões, mas também nota o quanto aqueles grupos são excludentes, talvez seja uma boa abertura para você pensar em como adaptar aquelas estratégias pra outras realidades. Amigue, não se iluda. As feministas radicais NÃO VÃO aceitar sua integração, mas você pode usar as estratégias com uma metodologia de consciência de oposição diferencial. Eu acho péssimo dar referências bibliográficas, mas não me sinto legitimada pra aprofundar esse debate, de forma que sugiro a leitura de Chela Sandoval, Methodology of the oppressed. Ela fala, justamente, sobre como criar pontos comuns em diferentes inquietações. {\bf Eu:} Acabei de conseguir baixar um PDF do ``Methodology of the Oppressed'', e tou lendo. A introdução da Angela Davis é ótima. Obrigado! Confesso que quando eu li a sua frase ``As feministas radicais NÃO VÃO aceitar sua integração'' a primeira coisa que eu pensei foi: vish, a Heloísa é uma pessoa gregária, e eu não - acho que nós temos noções {\it completamente} diferentes de ``pertencimento'', como é que eu explico qual é a minha?... Mas logo depois vi que eu não conseguiria explicar de improviso - então vou pôr isso na pilha das coisas que eu algum dia quero esclarecer... \end{quote} }\end{quote} Eu fiquei de tentar esclarecer qual é a minha noção de ``pertencimento''. Talvez um resumo curto funcione melhor do que algo bem detalhado; lá vai. O único ``grupo'' ao qual eu já pertenci de verdade foi o movimento Free Software. As pessoas não costumavam se encontrar ao vivo, e isso era {\it bom}. As discussões eram praticamente todas em mailing lists públicas, nas quais ninguém respondia na hora\footnote{\url{http://anggtwu.net/e/facebook.e.html\#rushkoff}} - a gente sempre gastava algumas horas, ou um dia ou dois, pensando na nossa resposta, e depois escrevendo-a e revisando-a, antes de mandá-la. A nossa {\it reputação} era feita principalmente pela qualidade do que a gente escrevia - mensagens e software - que era o que alguém encontraria pesquisando pelo nosso nome nas ferramentas de busca da época. Eu - e acho que a maior parte das outras pessoas - íamos parar no movimento do Free Software porque a gente queria aprender a programar, e a gente queria aprender a programar porque nós queríamos virar fodões em algo que nos era acessível, e nós eramos uns nerds socialmente ineptos. Aos pouquinhos a gente aprendia a usar os programas que já existiam e a fazer os nossos; aprendíamos a fazer boas perguntas\footnote{\url{http://www.catb.org/esr/faqs/smart-questions.html}} e a responder as dos outros; líamos coisas que os outros recomendavam e recomendávamos as melhores coisas que conhecíamos; {\it aprendíamos a criar nossas homepages e a disponibilizar nossas coisas lá} - e neste processo passávamos de ``girinos'', que mal sabiam fazer uma pergunta, para {\it pessoas públicas}... nós nos {\it empoderávamos}, e o que produzíamos e disponibilizávamos ajudava as próximas pessoas a poderem aprender e se empoderar mais rápido ainda. ``Pertencer'' ao movimento Free Software queria dizer acessar o material já produzido e produzir o nosso. O foco era {\it produção}, e o empoderamento era consequência. Matar tempo com outras pessoas do movimento, ir pro bar falar besteira, fazer as piadas certas, etc, tudo isto era irrelevante. \bigskip ``Ficar com cara de tacho na mesa do bar'' tem sido uma das minhas expressões preferidas pra descrever o estado de mutismo, paralisia e medo no qual eu ficava em muitas situações sociais, e do qual eu tento sair. Se eu leio textos de feministas radicais, produzo a partir deles, e eles me empoderam, no sentido de que eles me ajudam a virar uma ``pessoa pública'' que fala e se posiciona ao invés de ficar muda e paralisada, então eu estou ``pertencendo'' ao mundo das (idéias das) feministas radicais no mesmo sentido em que ``pertencia'' ao movimento Free Software. Nunca me ocorreu a idéia de ir tomar cerveja com as feministas radicais ou pedir pra ser aceito nos mesmos espaços físicos que elas... \mysection{ingles}{Inglês} \mydate{2015sep15} Quando a gente cita um livro em Inglês é comum as pessoas ficarem putas da vida, acharem a gente metido e dizerem que ninguém é obrigado a saber Inglês. ``Ninguém é obrigado a saber Inglês'' é uma fórmula curta que todo mundo entende. Ela tem pressupostos subentendidos que são considerados ``óbvios'' - uma noção de hierarquia, privilégios, e de ``elite'' versus ``pessoas comuns''. Eu adoraria conseguir fórmulas curtas, {\it inteligíveis}, que expressassem problemas meus - por exemplo: ``ninguém é obrigado a saber conversar no bar'', ``ninguém é obrigado a saber beber cerveja'', ``ninguém é obrigado a saber dar pinta'', ``ninguém é obrigado a saber lidar com machistas'', ``ninguém é obrigado a saber lidar com seu corpo e seus desejos'', ``ninguém é obrigado a ter vida afetiva/sexual'', etc. Ler muito, aprender Inglês, treinar até saber escrever bem, etc, são coisas que não dependem só de oportunidades e estrutura familiar - dependem de um {\it investimento de energia} enorme que faz muito mais sentido quando as coisas de pessoas ``normais'', como brincar na rua quando a gente é criança e namorar quando a gente é mais velho, nos são muito difíceis. % (Inspirado por um comentário do Thiago % Coacci\footnote{\url{https://www.facebook.com/coacci?fref=ufi}} neste % thread\footnote{\url{https://www.facebook.com/groups/judithbutler/permalink/428521790681285/}}. % Continua - quero citar % isto\footnote{\url{http://anggtwu.net/omnisys.html\#proletarizacao}}.) \mysection{grupo-sobre-denuncias}{Reinventar a roda} \mydate{2015oct18} Um conhecido que dá aula numa universidade do Nordeste pediu pra conversar comigo por chat sobre a situação onde ele trabalha - que é parecida com a que me motivou a escrever o ``Saia do seu quadradinho''\footnote{\url{http://anggtwu.net/quadradinho.html}} - e nós conversamos uma hora ou duas. Tem várias coisas absurdas acontecendo lá, e quem tenta denunciá-las sofre retaliações. Além disso, praticamente todo mundo ridiculariza quem tenta fazer algo, dizendo ``não vai dar em nada''. Esse meu conhecido contou que estava pensando em criar um grupo na internet pra discutir como as pessoas podem denunciar coisas de modos mais eficazes e com mais segurança, e quando ele contou isso eu automaticamente me imaginei no lugar de uma pessoa convidada pra fazer parte do grupo, que se pergunta: ``será que eu quero fazer parte disso? Será que eu quero investir tempo e energia nesse grupo?''... e eu me vi respondendo ``{\it não}'', e o grande motivo era a sensação de que as pessoas do grupo estavam tentando reinventar a roda, redescobrindo tudo sozinhas, ao invés de lerem e compartilharem uma quantidade colossal de textos de ativistas que estão disponíveis por aí... \mysection{aqui-se-pensa-bem}{``Aqui se pensa bem''} \mydate{2015oct18} Às vezes a gente se engaja numa causa social que não é a nossa porque a gente quer salvar o mundo um pouquinho - e porque a gente está de saco cheio de estar cercado de injustiças e não poder sequer pensar sobre elas sem ser ridicularizado e as pessoas dizerem ``não adianta nada''. Às vezes a gente escolhe uma causa porque ela é a mais gritante e mais urgente, e algo fez com que ela virasse notícia nos últimos dias. Mas eu tenho a sensação de que o que mais faz com que a gente permaneça numa causa e num grupo é a sensação de que ``aqui se pensa {\it bem}'': ``aqui eu consigo ferramentas pra nunca mais viver cercado de gente que me ridiculariza e me manda parar de pensar''. Ou seja, a gente se liga a uma causa meio porque a causa é importante em si, e meio porque a gente cresce, e ``se empodera'', se envolvendo com ela. %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% % \hrule % Local Variables: % coding: raw-text-unix % End: